segunda-feira, 17 de setembro de 2012

CARTA ABERTA A DEUS, A MEUS PAIS, MINHA IRMÃ, MEUS LEAIS ESCUDEIROS E QUEM POSSA SE INTERESSAR....



                              
Começo da escrita... 30/07/97

20 de novembro de 1988, +ou – 07h40min h, de uma manhã ensolarada de domingo, bem típica daqui de Salvador. Acordo, e em volta de mim vejo rostos desconhecidos, todos vestidos de branco, sinto cheiro de éter (q até hoje me causa náuseas) e percebo que gemidos de dor se fazem presente, inclusive os meus. Consigo ver mainha e painho, enxergo nos olhos deles uma mais profunda dor, expressão que jamais vou esquecer e que me acostumaria a ver diversas vezes, com o passar do tempo e ainda ...hoje. Finalmente sou comunicada q fui atropelada e que além das diversas escoriações (pé direito, joelhos, mãos, cotovelos, testa, orelha direita), da possibilidade de traumatismo craniano, eu havia fraturado o fêmur esquerdo... não sabia, mas... por causa desta fratura iria ficar em torno de 1 ano e 6 meses em cima da cama (saindo e entrando de hospital, alternando a necessidade de ficar, com o não querer sair dela), ser carregada em cadeira de piscina, urrar e desmaiar de dor, sem saber se ficaria ou não com minha perna, andar de muletas (já perdi as contas de quanto tempo), passar por inúmeras cirurgias. E só por que houve negligência do primeiro médico e eu tive infecção óssea, depois da primeira cirurgia.
Pude constatar o mesmo olhar profundamente triste e dolorido não só nos olhos de meus pais, também nos olhos de minha irmã, meus tios, dos meus leais escudeiros e para minha própria surpresa, nos meus próprios olhos, que apenas refletiam o que me ia à alma.
Passei um longo período sem me permitir sentir as perdas que tinha tido, afinal, eu dançava, jogava capoeira, era admirada pelo meu corpo e o mais importante ir e vir a qualquer hora e de qualquer lugar. Se não levantasse para pegar um copo d’água ou p/ apagar a luz, ou se prendia o xixi era por pura preguiça, não dependia de ninguém ou de nenhum aparelho, como dependo agora e vou depender pelo resto da minha vida.
Hoje sei que as dores físicas que duravam 24h e já faziam parte do meu dia a dia e inconscientemente o meu próprio preconceito, que só aflorava em forma de choro (normalmente na hora de dormir), de agressividade (sempre com as pessoas que nunca me deixavam) e de revolta, por isso me afastei de VOCÊ, DEUS, principalmente por nunca me responder, por que eu? Até p/ meu ANJO DA GUARDA sobrou, fiquei de mal um tempão, sem querer conversa e ainda tinha uma mistura de raiva da vida e de esperança de que um dia não sentiria mais dor e que voltaria andar normalmente. Esperança, sentimento doce e amargo, e que aos poucos foi diminuindo. Só painho continua a tê-la.
Na realidade só permitir que as dores causadas pelo atropelo e pela minha deficiência aflorassem 07 anos depois. E aí, eu fui procurar ajuda fazer terapia, pois necessitava conversar com alguém q não estivesse envolvido emocionalmente comigo e pude ver mesmo sentido todas às dores (físicas e emocionais) eu havia feito novas descobertas, obtive ganhos e fui além do “permitido” p/ uma pessoa com a minha deficiência. Pois, fiquei com seqüelas, não flexiono o joelho esquerdo, meu fêmur esquerdo possui forma de S ou da curva da estrada de Santos, como diz Dr. Sinval, enfim, minha perna esquerda é menor que a direita 8,5cm e por causa disso uso sapatos compensados 6,5cm e também um tipo de tensor, que tem a função de proteger meu fêmur de pancadas e possíveis fraturas e que tiro apenas p/ tomar banho de chuveiro e dormir.
Quase 9 anos depois do atropelo e após ter feito terapia, eu posso dizer que as descobertas, os ganhos e o ir além do “permitido”, se traduzem em ter realizado algumas coisas. Tais como: passar no vestibular da UFBA, feito em cima do leito, onde me encontrava com um gesso pélvico (que usei por + ou – 3 meses), com febre e vomitando muito, pois a infecção, se assim posso dizer, estava no auge; confirmei algumas verdadeiras amizades e descobri outras; fiz as pazes com VOCÊ, DEUS, e com meu ANJO DA GUARDA (será q algum dia eu estive realmente de mal com VCS???); voltei a ouvir mais minha intuição; deixei de sentir raiva do cara q me atropelou e hoje é como se ele não existisse; entendi que o médico q foi negligente, foi apenas um meio, pois eu precisava passar por tudo isso, p/ compreender q na vida é necessário se dar valor as pequeninas coisas; me formei em Pedagogia, só não consegui preencher o vazio que ficou por não poder trabalhar mais em educação especial; fui amada, amei; faço trilha na Chapada Diamantina (a primeira foi depois de ser deficiente) e é inesquecível a madrugada de sábado de Aleluia que passei no meio do Vale do Pati, com o céu cravejado de estrelas como testemunha e a paisagem como minha cúmplice, o rio indo sem mais voltar ao seu encontro noturno, hora manso hora bravo, o cheiro da terra molhada, tudo me fez entrar em êxtase e chorando de soluçar, junto com um sorriso nos lábios e na alma, vem alegria contagiante do meu coração, que gritava EU CONSEGUI! EU VENCI! A chuva, a lama, o preconceito de alguns participantes do grupo da trilha, os limites.
Também lembro com alegria extrema o CARNAVAL de 1993, sou absolutamente louca pela festa (herança paterna) e não curtia há 4 anos, e todos nós estávamos temerosos, pois o empurra empurra a multidão e a minha imensa vontade de pular atrás do trio, eram fatores que mexiam com nossos nervos e a preocupação por ser meu primeiro carnaval depois de me tornar deficiente, ficou palpável e estava quase desistindo, quando apareceu minha “anja” (não tão anja assim) de guarda, que topou na hora tomar conta de mim e foi simplesmente MARAVILHOSO, ainda sinto o gosto doce da vitória, a chuva caindo, depois o sol, o bloco puxado por Daniela Mercury, estreando com a carreira solo e a presença animada e protetora de Fatinha de alguns amigos, não me deixam esquecer deste CARNAVAL e me faz crer que foi um dos melhores de minha vida e creio que Fatinha não tem noção do quanto me fez feliz e do quanto lhe sou grata.
Ah! Tem também a primeira festa de Ano Novo, na passagem de 1990 p/ 1991, no Hotel Quatro Rodas, onde dancei muito com meus pais. Eu usava um aparelho de PVC que ia da coxa até a sola do pé, só podia calça tênis All Star com compensação, lembro q dancei tanto, que o macacão branco ficou grudado no meu corpo. Mas, tínhamos muito o que comemorar, não só o fim de 1990, mas e principalmente o fim da possibilidade de perda da minha perna, já que o vírus da infecção estava sobre controle. Quando os fogos explodiram no céu, meus pais, eu, minha irmã e meus amigos ...nas nossas almas em nossas mentes a certeza de que um novo caminhar estava se iniciando, além da gratidão por estar viva e inteira, mesmo com a deficiência.
Costumo brincar, dizendo que já sofri por esta encarnação, pelas passadas e por àquelas que ainda estão por vir. Neste meu caminhar, conheci na sua grande maioria, pessoas bondosas, generosas, que me deram e me dão força, que admiram a “coragem”, minha determinação, minha fé (ainda que vacilante). Mas também encontrei pessoas com crueldade no coração e o preconceito passou a fazer parte da minha vida, do meu dia a dia, foi e é duro. No começo chorei muito, muito por fazerem eu me sentir excluída, às vezes claramente, às vezes veladamente e muito por ver nos olhos de quem mais amos uma dor, uma raiva e isso doíam mais do que o preconceito em si.
Creio que a cada dia que passa aprendo a viver e ir á luta e não a sobreviver ou me comportar como uma pobre coitada, que dependia/depende de todo mundo para dar um passo, ir á esquina, não é fácil e ás vezes dar um cansaço, uma vontade de sumir, mas aí, sinto o amor, o respeito, a admiração que emanam de meus pais, minha irmã, meus leais escudeiros, então ocorre um espécie de renovação de força, de fé.
Tenho a consciência que provoco algum incômodo, pois assumir a minha deficiência vai muito além de usar biquíni, usar salto alto, fazer trilha na Chapada Diamantina, pular Carnaval atrás do trio elétrico, trabalhar, namorar, é mostrar ao próximo, ao outro ser humano, que se pode ser bonita, sensual, alegre, bem humorada, competente, ter luz no caminho, é ser um SER HUMANO COMPLETO, INTEIRO, PERFEITO.
Muitas vezes ao ver a reação negativa das pessoas eu reagir dando língua, fazendo gestos obscenos, mas hoje tenho a certeza de que esses “deficientes da alma” são dignos de pena e que a mim cabe combater o preconceito e comemorar, agradecer por estar viva e quase inteira (fisicamente falando), mas completa, perfeita (no coração e na alma), que sou uma vitoriosa e que tenho a capacidade de fazer com que as pessoas que convivem comigo, olhem para a deficiência minha ou de qualquer outra pessoa de forma mais leve e natural, acreditando que é possível ser feliz.
Sabe Deus, sinto que fui carregada no colo muitas vezes por Você, noutras Você me emprestou seu ombro e me fez enxergar a fé inabalável de meu pai, a força e a coragem sem medidas de minha mãe, o desejo latente de me ver boa de minha irmã e de meus leais escudeiros e a inocência de meus sobrinhos, que desde o mais velho até o mais novo, fizeram de minha perna sem flexão cavalinho e usaram e usam meus sapatos com compensação, como se fossem brinquedos e me imitam andar com uma naturalidade encantadora.
Se eu disser que foi muito bom o aconteceu, eu estaria mentido, não tenho por que negar que vez por outra fico imaginando minha perna esquerda perfeita novamente. Agradeço pelo Seu Ombro Amigo e Leal, por me fazer compreender que é sempre muito bom viver, por ter me tornado uma pessoa melhor, que aprendeu a olhar o outro com mais generosidade e tolerância e também por colocar pessoas especiais, fundamentais e responsáveis diretos pela minha volta por cima. São elas: Minha Mãe, Rita; Meu Pai, Costinha, Minha Irmã, Julienne, Meus Sobrinhos, Gabriel, Rodrigo e Marcelinho; Tia Benilda, com sua torta de palmito, Tio Luizinho; Tia Eciélia, com sua preocupação e seu amor formal; Tia Bete, com suas promessas p/ Santo Antonio; Milton e Elena; Fatinha, que sempre estavam por perto. Célia e Tio Enéas, com seu cheiro no meu cangote; Celso, Messias, Djalma Argolo, com suas orações e palavras de força, fé e coragem a meus pais e a mim mesma; D. Dalila Azevedo, por suas orações, acrinho, esporros e palavras de conforto nos momentos mais difíceis. Meus amigos, leais escudeiros, por que estiveram e sempre estarão comigo, que deixavam de fazer farras p/ ficarem ao meu lado, quando chovia iam lá para casa e quando fazia sol, me carregavam como verdadeira rainha, para o jardim, para a praia, para eu mudar de céu, já que o teto do meu quarto e a visão do mar e do Farol de Itapuã, eram a minha visão mais constante. Alguns são amigos de infância como: Leyla Cristina, Rita Ribeiro e Rosângela Dias e outros surgiram na minha vida e permanecem até hoje, como: Robinho, marido de Rita, Zelândia, minha vizinha e hoje comadre, Cássia Ribeiro, que passou de colega de faculdade a uma amiga-irmã; Gustavo Almeida, que de guia nas trilhas, se tornou um amigo na vida. Existe uma gratidão extrema e sou suspeita para dizer algo, afinal amo cada uma delas e meu coração se enche de alegria ao lembrar o que cada uma fez, faz e representa para mim, e que todas juntas foram e são capazes de iluminar o meu caminho.
Existe 2 pessoas que expresso minha gratidão, por terem me salvo. Edson Almeida, jornalista e um motorista de táxi, que infelizmente não conseguimos identificar, que me deram os primeiros socorros, pois o atropelador fugiu.
Como escrever sobre estes 2 grandes homens! Tio Lapão e Dr. Sinval Vasconcelos? Vou começar por Tio Lapão, que me viu dentro da barriga de minha mãe e colocou bota ortopédica em mim e que apesar da sua vasta competência e experiência como médico ortopedista, chorou ao me ver e se emocionava toda vez que tinha q fazer curativo ou algum procedimento doloroso em mim e por quem tenho um carinho especial. Lembro especialmente do dia q eu mesmo como gesso pélvico, tiveram que fazer uma incisão profunda e sem anestesia em mim, ele saiu da sala chorando. O outro Dr. Sinval Vasconcelos, ortopedista, especialista em infecção óssea, competente, cuidadoso, carinhoso, mesmo me fazia urrrar de dor, quando fazia “seus carinhos de ortopedista”, como passamos a chamar todo e qualquer procedimento mais doloroso e evasivo, e foram tantos, às vezes dia sim e outro também. Ele e sua família acabaram se tornando amigos nossos. Estes 2 grandes homens, Tio Lapão e Dr. Sinval Vasconcelos, lutaram juntos, ali, lado a lado por mim e conseguiram o que parecia impossível, salvaram minha perna.
Tem ainda Sandra Burgos, amiga de infância e profissional de Rolffing, que me ensinou com sua competência, sua paciência e carinho, a ter um novo andar, para não prejudicar minha coluna.
Vai sempre existir alguém em algum lugar que encontrei ou reencontrei nesse meu caminhar, nem sempre tranqüilo, mas sempre cheio de amor, luz e de uma vontade enorme de ser feliz. A todos eu simplesmente agradeço.

......UM DIA QUALQUER DEPOIS DE 18/11/2003...............não sei quanto tempo se passou da minha última linha escrita, mas sei q hoje estou digitando com o coração em festa , pela primeira eu resolvi procurar um médico, sim, pois todos os médicos procurados até agora, foi por meu pai, ele que sempre acreditou que iria surgir algo, para fazer minha perna voltar a ser como era.
Início do mês de setembro de 2003, estava zapeando, quando fui parar no canal Globo News, havia um programa falando de um antibiótico para quem já tinha tido infecção óssea, não pude ver a reportagem toda, cheguei no fim. Mas, foi repassada e eu acompanhei tim por tim, peguei nome do médico, Dr. Everson Giriboni, e pela primeira vez tive vontade de procurar para ver qual a sua opinião. Só conseguir marcar consulta para 03 de novembro, quem já tinha esperado quase 15 anos, esperava um pouco mais.
Finalmente chegou o dia da consulta e eu e minha mãe, fomos para Campinas-SP e meu pai ficou aqui, com uma expectativa maior, do que nós duas. Saiu melhor do que qualquer um de nós poderia esperar Dr. Everson, disse que meu caso era mais fácil do que ele pensava, mas que teria que ser feito o “conserto” em etapas. Pois, era preciso primeiro acertar meu fêmur em S, depois flexionar meu joelho e depois retirar osso do meu quadril, para completar a diferença óssea que eu ficaria, na hora eu nem parei para pensar em nada ou deixar que nenhum sentimento se manifestasse, disse que toparia, mesmo sabendo que sentiria dores e que a o pós cirúrgico não seria fácil. Ao perguntamos quando seria a cirurgia e, Dr. Everson disse que poderia ser dali a dois dias, claro, que remarcamos para dali a 15 dias, dia 18/ 11/2003, dois dias antes de completar 15 anos do atropelo, que me causou tantos danos, físicos e emocionais. Quando questionado quanto tempo de cirurgia, ele disse na maior calma e tranqüilidade, umas 10 horas, minha mãe quase cai para trás, e eu apenas disse: tudo bem, com o coração na mão. Mas, como a confiança e a credibilidade se estabeleceram de primeira entre Dr. Everson, eu e minha mãe, resolvemos juntos, todos, meu pai, eu, minha mãe que valeria a pena fazer mais 3 ou 4 cirurgias. Minha Mãe um pouco mais receosa, ponderando que eu já havia sofrido muito e que se realmente valeria à pena, assim como minha irmã e meus leais escudeiros, mas depois me deram a maior força e mais uma vez ficaram do meu lado incondicionalmente.
Cheguei a Campinas na véspera da cirurgia, acompanhada de meu pai, minha mãe, minha irmã e meu cunhado, da ansiedade, dos nossos anjos da guarda, dos nossos amigos espirituais, de rezas de todos da família e de amigos. Na sala de descanso da anestesia, pude sentir vibrações positivas de pessoas queridas que rezavam por mim, vi uma a uma.
A partir daí, passei a ir p/ Campinas 1 vez por mês e passava no mínimo 1 semana, sempre na companhia de minha mãe, fazia revisão da parte clínica e acrescentava mias alguns exercícios na parte de fisioterapia, pois Dra. Silvia Henriques, só aceitava o melhor de mim e graças à dedicação e amizade dela, hoje estou muito melhor do que podia se esperar.
Na segunda cirurgia,em agosto de 2004, para flexão do joelho esquerdo, chego em Campinas na véspera, vinda de uma viagem do Chile e como sempre meu pai e minha mãe estão comigo. Desta vez fiquei um pouco receosa, pois Dr. Everson disse q o pós-cirúrgico é um pouco dolorido e quando o médico fala assim, é melhor eu me preparar. Quando dou entrada no Centro Médico de Campinas, avisam que não há quarto individual, a princípio ficamos chateados, mas depois, não podia ser melhor, pois acabamos conhecendo pessoas boas, Cristiane, D. Lourdes, Kátia, Denise e que hoje são amigas nossas. O pós-cirúrgico foi realmente muito doloroso e muito delicado, tive que ficar 1mês sem esticar a perna e mais uma vez andando de muletas, as dores foram grandes e em algumas vezes achei que não iria suportar, mas valeu à pena, passei quase 16 anos sem flexionar o joelho esquerdo e agora flexiono pouco mais de 90º, o que já é considerado de bom desempenho p/ se ter uma vida normal. Minha mãe ficou tão nervosa com minhas dores, que um dia tinha o último comprimido, ela veio me dar o remédio e tomou no meu lugar, 20 minutos depois ela volta e pergunta: Filha a dor melhorou e eu simplesmente respondo, Não, você tomou o remédio por mim. Se não fosse trágico seria cômico, o desespero para conseguir alguém p/ comprar o remédio e nós morávamos em um sítio cerca de 56km de Salvador e o toda a contra indicação fazendo efeito em mainha, hoje damos risada, mas no dia...foi um corre corre para compara o remédio e ao mesmo tempo acalmar e cuidar de mainha.
Volto à rotina de viajar mensalmente p/ Campinas, agora até 2 vezes por mês.
Estava tudo combinado p/ retirar osso da minha bacia e colocar no lugar do osso do fêmur. Quando recebo uma ligação de Dr. Everson, perguntando se eu seria a primeira paciente no mundo a colocar um concentrado de 86% de células tronco adultas junto com um osso sintético/esponjoso, quando ele garantiu q as dores seriam menores, topei na hora. Conversei com meus pais. E minha mãe quando soube q seria a primeira do mundo, passou a ter febre e uma tosse q não tinha explicação, meu pai estava nervoso, mas procurava manter a calma, eu estava tranqüila, provavelmente por encarar esta cirurgia da célula tronco como mais uma, a ultima de uma série de 15. Só soubemos qual seria a técnica usada, na véspera da cirurgia, quando chegamos em Campinas, eu, minha mãe e meu pai. Dr. Everson explicou detalhadamente a técnica, ficamos mais tranqüilos e foi quando houve uma procura pela mídia. Até então eu não tinha noção do que estava acontecendo. O fato de ser a primeira paciente a utilizar esta técnica não significava nada para mim, pois, o que eu queria mesmo estava acontecendo, voltava a ter minha perna quase inteira, com uma diferença miníma e flexionando de volta.
Só depois, me dei conta do quanto era importante, quantas pessoas poderiam ser ajudadas, e eu, que não sou mais especial, ou melhor do ninguém. E  se Deus traçou este caminho, talvez seja, para ajudar mais pessoas, por ter me tornado mias disponível, já que não recuso atender ninguém, seja um paciente, conhecido, desconhecido, a imprensa, o que importa, é que quanto mais pessoas souberem desta técnica, mais pessoas serão ajudadas. Tenho uma comunidade no Orkut: células tronco/ Giulia Costa, que conta um pouco da técnica e do seu sucesso e no álbum meu Orkut tem fotos de antes e depois e da própria cirurgia, todos possuem acesso.
Algumas pessoas me perguntam se eu não tive medo, e eu respondo que o medo hora nenhuma se aproximou de mim, por que eu sei q Deus jamais iria permitir que algo desse errado, já que a mim, sua filha, ELE estava dando mais uma chance e que MEU PAI, COSTINHA, MINHA MÃE, RITA, MINHA FAMILIA E MEUS AMIGOS SEMPRE ESTARIAM DO MEU LADO E AINDA TINHA/TEM A CONFIANÇA ABSOLUTA EM DR. EVERSON, então qual espaço o medo tinha p/ chegar e se instalar? Nenhum.

Continua....

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