sábado, 30 de outubro de 2010

Me Ví

Após ler no site de Kau Mascarenhas o texto  a Dor do Outro Também Nos Ensina: Uma experiência relacionada à inclusão de portadores de necessidades especiais. Escrevi o texto abaixo e hoje resolvi postar.


Kau,
Nem preciso dizer que me vi muitas vezes na fala de Beto e Tita, sei o quanto é difícil se adaptar a uma nova realidade, a dependência de outras pessoas, mesmo que estas pessoas nos amem. Às vezes acreditamos que estamos abusando da boa vontade delas e a angústia se faz presente.
Quando acontece o fato que transforma não só nossas vidas mas também a de todos que convivem com agente, há uma certa disponibilidade em auxiliar, em apoiar, em estar junto, mas com o passar do tempo podemos perceber quem realmente fica, quem te ama, o que para mim, foi extremamente positivo, a própria vida filtrou e deixou que ficassem as pessoas que de verdade se importam e continuam me querendo por perto, mesmo que fossem elas a irem até a mim.
Quanto ao preconceito, bom... foi o mais difícil e complicado de vencer, principalmente e prioritariamente o MEU PRÓPRIO PRECONCEITO, e confesso que ao conseguir sentir como se me tirassem um peso enorme dos ombros, o meu caminhar, o meu olhar para a minha nova realidade ficou mais fácil, menos dolorido e mais interessante, ao tirar o véu, não?!!! ao derrubar  a parede de concreto puro do MEU PRÓPRIO PRECONCEITO, me permitir voltar a ver  a vida em cores bem vivas e fortes e cada segundo se tornou deliciosamente prazeroso, mesmos o que eram dolorosos, afinal EU estava ali inteira e perfeita, o céu passou  a ser o meu limite.
E como você sabe, o JOGO DO CONTENTE me ajudou muito, principalmente nos momentos de dores mais profundas e de decisões a serem tomadas. A fé incondicional de meu pai, a força de minha mãe e a certeza do amor das pessoas que estavam comigo desde sempre e das pessoas que foram acontecendo no meu caminhar, nem sempre florido, perfumado mas sempre iluminado me fez passar por cada fase de maneira mais calma, mas volto a dizer meu amigo, foi O DESEJO DE VENCER O MEU PRÓPRIO PRECONCEITO que me fez sentir e viver de um jeito mais alegre. Sofri preconceito claro e velado e ainda sofro.Só que há muito tempo não me permito ficar triste ou abalada. Compreendi que nós seres humanos somos feitos de sentimentos coloridos e que fazem bem a nós mesmos e como uma onda,vibra,faz bem e colore a todos a nossa volta.E também somos feitos de sentimentos que normalmente ficam na nossa sombra e que não encaramos de frente, quando o fiz, no meu caso, tive a grata surpresa de aprender  a lidar com eles de uma forma mais tranqüila e não me responsabilizar e nem ao outro quando eles surgem.
Sei que Beto e Tita vão conseguir, diga-lhes que desejo o melhor da vida e que esta tem muito tesouro a oferecer-lhes e eles possuem os recursos, basta acessá-los e a escavação se transformará em algo único e sensacional.
Bjos e um abraço de “ursa” para você, Beto e Tita
Giulia


Com este aparelho de PVC, pulei de um trem andando em Buenos Aires, fui carregada igual a Cleopatra em Fernando de Noronha, rolei no chão com Meus Sobrinhos, fui Amada e Amei....Chorei, Sorri, Vivi e hoje estou aqui mais humana que nunca.